Ementa

DISPÕE SOBRE DENOMINAÇÃO DAS RUAS PROJETADAS LOCALIZADAS NO LOTEAMENTO JARDIM EUROPA - BAIRRO BOA VISTA, NESTE MUNICÍPIO.

Justificativa

THEREZINHA CRISPINIANA DA CONCEIÇÃO foi membro do Ile Asé Nassô Oka – onde é reconhecido e tombado pelo IPHAN como o terreiro mais antigo do Brasil. Os primórdios da comunidade hoje conhecida como Casa Branca tem procedência da liderança de três mulheres africanas, Iyá Detá, Iyá Akalá e Iyá Nassô, três princesas africanas que foram trazidas para o Brasil na época da escravidão. Essa comunidade teria funcionado nos arredores da Igreja da Barroquinha, lembrada na memória coletiva como o Candomblé da Barroquinha, período conhecido entre 1820 a 1830 no Brasil. Apesar de residir em Salvador, Therezinha amava São Pedro da Aldeia, fazia questão de estar presente por longos meses de estadia por se identificar inteiramente com a história local e por ser sempre bem acolhida em terra aldeense. Em sua estadia percorria desde a Laguna de Araruama a Zona Rural do município, principalmente o ponto de cultura Ile Asé Iya Oju Omi no bairro Boa Vista, este remanescente do Ile Asé Nasso Oká no município de Sao Pedro da Aldeia.
Therezinha Crispiniana da Conceição foi uma figura extremamente respeitada nacionalmente, principalmente no segmento de cultura afro e indígena devido a sua trajetória na religião do candomblé. Foi iniciada por Juliana da Silva Baraúna (1916 – 2006), uma importante sacerdotisa da Casa Branca que era conhecida como “Mãe Teté”. Therezinha participou de festivais significativos, principalmente para a Iyabá Oxum, de quem foi filha durante a sua vida. Possuía o dom da clareza e delicadeza em contar histórias para todos ao seu redor, com lições importantes para a juventude e o máximo respeito aos seus mais velhos. Therezinha Crispiniana se despediu do mundo em 23 de novembro de 2021, onde só cultivou amigos e era adorada pelas crianças. Deixando assim, um legado de amor, caridade, de respeito e fé para todos.
Para fundamentar a homenagem, foi solicitado a Associação São Jorge do Engenho Velho a autorização para que o nome da homenageada fosse utilizado na denominação do logradouro e a resposta foi positiva, satisfatória e emocionada de seus representantes.

ADILSON CANDIDO DE ABREU foi membro do Ile Asé Iya Oju Omi – Ponto de cultura, é tio da Sacerdotisa e padrinho dos membros, sempre foi muito querido por todos. Morou em São Pedro da Aldeia no Bairro Boa Vista por quase duas décadas no Sítio e caminhava as ruas da zona rural com frequência, por isso é muito conhecido nos arredores. Adilson possuía uma ligação muito forte com a natureza, vivia um modo de vida alternativo e sustentável. Possuía um carinho diferenciado pelo município de São Pedro da Aldeia, era um conhecedor das áreas rurais, em vida praticou sempre a caridade e ensinando sempre a ser prudente. Assim, deixando uma herança importante de lembranças baseadas em respeito, boas risadas e principalmente de muito amor.
Adilson Candido de Abreu em 29 de maio de 2022 parte desta existência, onde cultivou amigos e era adorado pelas crianças, em especial de da família Ile Asé Iya Oju Omi ao qual zelou por gerações.

ALDINEA ROSARIA DE MOURA é mãe da Marcia Rosária de Oliveira Carvalho, é nascida no Rio de Janeiro e passou a frequentar São Pedro da Aldeia em meados de 1997 quando seu Genro Elson da Silva Carvalho foi transferido pela Marinha do Brasil e desde adotou a cidade como sua. Sendo assim, possui muitas histórias na pequena aldeia de Pedro, incluindo quando ainda o espaço onde hoje se encontra a Praça Hermógenes Freire era cercado por quiosques a beira da lagoa. Era uma admiradora da vida caiçara, do por do sol que abrilhanta as tardes aldeenses, levava seus netos para passear na Laguna de Araruama por botes e por vezes até nadando.
Aldineia Rosaria de Moura deixou este plano em 25 de outubro de 2000, no ano seguinte o Ile Asé Iya Oju Omi foi fundado, sendo este ponto de cultura de relevância significante para a comunidade com projetos sociais e culturais.
Dito isto, numa justa homenagem aos cidadãos citados e levando em consideração a extrema importância para a comunidade do segmento de Cultura Afro e Indígena, principalmente da zona rural do município. Uma vez que foram pessoas importantes e essenciais no processo de fundação do ponto de cultura ao qual hoje possui mais de 20 anos de tradição na cidade com prêmios estaduais de relevância no Estado do Rio de Janeiro. Apresento-lhes o projeto para o qual peço a aprovação dos nobres pares desta casa de Leis.